A Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação premiou na manhã desta quarta-feira, 9 de março, os trabalhos destaques de iniciação científica, apresentados durante o 29º Seminário de Iniciação Científica, que ocorreu em outubro do ano passado. O evento de premiação aconteceu no auditório do prédio de Arquitetura e Urbanismo, prédio 47, Campus Coração Eucarístico. Devido à capacidade do espaço físico, não participaram da solenidade os trabalhos de menção honrosa.
Participaram do evento o pró-reitor de Pesquisa e de Pós-graduação, professor Sérgio de Morais Hanriot; o coordenador de Pesquisa, professor Alexandre Magno Alves Diniz; a assessora da PROPPG Franca Arenare Jeunon; professores orientadores e estudantes pesquisadores.
O pró-reitor disse que o evento é momento de muita alegria, felicidade, ressignificação, estando as pessoas frente a frente depois do período de pandemia do Covid-19. Ele observou que, desde março de 2020, a humanidade tem se comportado de maneira diferente: a pandemia ensinou que se deve ser aberto ao aprendizado, a práticas novas.
"A ciência é crucial à vida das pessoas e países. Países que desenvolveram a vacina saíram à frente e outros ficaram a reboque", disse ele, referindo-se à importância da ciência e da tecnologia. "Os alunos têm um grande papel, que o vírus bom da ciência seja inoculado em todos vocês. O País precisa disso, não deixem a ciência", conclamou.
O pró-reitor destacou ainda a importância de eventos presenciais, e que a Universidade só tem sentido com a presença dos alunos. Ele frisou também que, com exceção de um trabalho destaque, todos os outros foram vencidos por estudantes mulheres, parabenizando-as.
De acordo com o professor Alexandre Diniz, o evento é destinado a celebrar a ciência, destacando o processo de formação dos futuros cientistas. "Ciência é um dos pilares da Instituição", pontuou, sinalizando que esta é uma longa caminhada para a formação de cientistas e de cidadãos. Ele elencou algumas características de um pesquisador: ter um bom senso de curiosidade; ter atenção aos detalhes, já que "o método científico nos cobra o tempo todo"; criatividade, elemento que deve estar presente todo o tempo no fazer científico; comunicabilidade, sem pré-conceitos; raciocínio lógico; pensamento crítico em relação à realidade; ter coragem e persistência para resolver problemas. O professor Alexandre ressaltou que os cientistas são constantemente avaliados, inclusive quando se busca recursos para pesquisa.
"Vocês passaram por vários filtros, seleção de projetos, desenvolveram projetos em meio à pandemia", processo de seleção de iniciação científica que contempla duas fases. "Não é pouca coisa ter melhores trabalhos em meio a 40 mil alunos", cumprimentou o professor Alexandre, dirigindo-se aos alunos, orientadores e professores, desejando carreiras exitosas aos novos pesquisadores.
Pesquisas
Para Mariana Elis Campos Gomes, que desenvolveu melhor pesquisa na área de Ciências Sociais Aplicadas, "a importância da iniciação científica encontra-se no 'pensar fora da caixa'". Intitulada Violência Doméstica e Familiar no Brasil à Luz do Sistema Interamericano de Direitos Humanos: uma análise para além do caso 12.051 Maria da Penha Maia Fernandes , sua pesquisa foi orientada pela professora do Curso de Direito Cinthia Garabini Lages. "Desenvolver uma pesquisa possibilita entrar em contato com diversas temáticas que, muitas vezes, são pouco abordadas nesse primeiro momento de formação profissional", diz Mariana, que complementa: "Fazer pesquisa permite que o aluno se aproxime da sua área de interesse, aquela que pode vir a ser o seu campo de atuação no futuro".
A estudante acredita que a pesquisa ajudará na sua profissão: "Foi durante o desenvolvimento do meu projeto que me encontrei no meu curso e me aproximei de uma área de trabalho que me interessa muito: a defesa dos Direitos Humanos. Para o futuro, acredito que ter desenvolvido um trabalho científico durante a graduação me abrirá portas para o mercado de trabalho, por ser um verdadeiro diferencial".
Mariana também aconselha aqueles que desejam fazer pesquisa a aproveitar as oportunidades oferecidas pela Universidade para submissão de projetos. "Encontre uma área e um tema de que você goste, pense em um problema sobre essa temática e convide um professor para embarcar nessa aventura com você. Dê uma oportunidade para a iniciação científica, ela não é apenas para quem quer seguir na academia, dando aulas! Tenho certeza de que não haverá arrependimento", ensina.
Já na área de Ciências da Saúde, Larissa Shirley Gomes Lima, estudante do Curso de Enfermagem, orientada pela professora Juliana Ladeira Garbaccio, desenvolveu a pesquisa Caracterização Morfológica e Genotípica de Bactérias Multirresistentes isoladas de Pacientes Idosos Hospitalizados. O estudo, premiado, teve como base a resistência microbiana, especificamente as infecções causadas por bactérias multirresistentes aos antibióticos, em idosos internados em uma Unidade de Terapia Intensiva. O objetivo foi identificar os tipos microbianos em três sítios anatômicos diferentes dos idosos participantes, acompanhar o período de colonização/infecção e se mesmo após a alta hospitalar tais micro-organismos poderiam ser identificados.
"Para todos os pacientes verificou-se colonização por mais de uma espécie bacteriana do tipo multirresistente. Após a alta hospitalar o decaimento microbiano é maior com a não identificação das bactérias resistentes que carregavam durante a permanência no ambiente hospitalar, a partir de 30 dias após alta", concluiu o estudo.
Para Larissa, a Iniciação Científica vai muito além de uma oportunidade para conseguir uma carga horária complementar de graduação. "Ela é muito relevante, de suma importância por contribuir com produções científicas, sobretudo para a Enfermagem brasileira. Além do mais, possibilita a criação de networking com profissionais e discentes de outras áreas, bem como desenvolver as soft skills tão exigidas no mercado de trabalho hoje em dia. Para nós discentes, realizar uma iniciação científica durante a graduação abre portas tanto para o mercado de trabalho por ser um diferencial, quanto para oportunidades de ingressar em grupos de pesquisa. Desta forma, fazer pesquisa vai muito além de realizar experimentos e testar hipóteses, mas é uma oportunidade extracurricular de se desenvolver enquanto futuro profissional e buscar sempre a melhor terapêutica para os seus pacientes ao contribuir com produções e divulgação científica da ciência que é feita aqui no Brasil".
A aluna também incentiva todos a fazerem pesquisa. "A gente cresce como futuro profissional, mas principalmente como pessoa durante a realização da pesquisa, pois desenvolvemos a maturidade necessária para um raciocínio crítico, científico e holístico dos pacientes. É uma ótima oportunidade para desenvolver competências como trabalho em equipe, sobretudo equipe multiprofissional, tão necessária na prática de trabalho do enfermeiro e de tantas outras profissões", diz. "A pesquisa te abre portas incríveis, pois desperta a curiosidade e questionamento que, talvez antes dela, você nunca havia parado para analisar, além de possibilitar oportunidades de participação de escrita de trabalhos como artigos e resumos, viagens para congressos nacionais e internacionais, premiações, diálogo, realizações de práticas laboratoriais com as quais talvez durante a grade curricular da graduação você não teve o contato".
Discos adesivos de anfíbios
Clarissa Souza conta que durante toda a iniciação científica trabalhou com discos adesivos de anfíbios. Esse estudo resultou no trabalho de conclusão de curso (TCC) intitulado Ecomorfologia dos Discos Adesivos de Pererecas. O trabalho foi orientado pela professora Luciana Barreto Nascimento e coorientado pelo professor Julian Karl Andre Langowski. Nele realizou-se uma descrição morfológica dos discos de oito espécies de pererecas neotropicais. Além disso, também tentou-se entender se a morfologia desses discos estava relacionada com o local em que essas pererecas habitam (os chamados microhabitats). "Utilizamos das microscopias óptica e eletrônica de varredura para descrição de micro e nanoestruturas, fotografias para descrição da área e forma dos discos e pesquisa bibliográfica para definição dos microhabitats de cada espécie. Como resultado, encontramos uma possível relação entre tamanho dos discos adesivos, peso dos animais e o microhabitat arbóreo. Nossas espécies com maiores pesos possuíram os maiores discos e são descritas como arbóreas. Esses resultados são interessantes para o entendimento da evolução dos discos adesivos e sua relação com o surgimento do modo de vida arbóreo pelas pererecas", conta a estudante do Curso de Ciências Biológicas, que teve premiado o trabalho na área de Ciências Biológicas e Agrárias.
Clarissa entende que a iniciação científica possui extrema importância em um ambiente acadêmico. Além dos inúmeros benefícios pessoais e profissionais, o contato com a pesquisa faz com que o aluno crie um vínculo afetivo e compreenda sua importância como um todo. "Com o atual momento de negacionismo em nível mundial, ter experiência com uma Iniciação Científica representa uma ótima oportunidade de vivenciar o método científico na prática. Isso auxiliará no desenvolvimento do senso crítico do aluno para desafios profissionais e até mesmo em ambientes informais vistos diariamente, como as redes sociais".
De acordo com ela, entender o funcionamento da metodologia científica foi muito importante e a ajudou a desenvolver habilidades que usa diariamente na profissão. "Entre essas habilidades cito o desenvolvimento do meu senso crítico para entendimento e utilização de bibliografias confiáveis e atualizadas, aperfeiçoamento da minha comunicação oral e escrita, capacidade de trabalho em equipe, organização e liderança em projetos", frisa.
Rafael Amauri Diniz Augusto, autor da pesquisa Previsão da Irradiação Solar utilizando Análise de Imagens, melhor trabalho da área de Ciências Exatas e da Terra, conta que a motivação para a pesquisa surgiu por uma vontade de promover e estudar alternativas mais eficientes, ecológicas e baratas aos combustíveis fósseis, que têm se provado ser insuficientes para suprir a demanda brasileira por energia. "O objetivo da nossa pesquisa é utilizar machine learning e dados coletados diretamente do Instituto Nacional de Meteorologia para prever a irradiação solar futura em uma determinada área", explica o aluno, cujo estudo foi orientado pela professora Cristiana Brasil Maia e coorientado pelo professor Silvio Jamil Ferzoli Guimarães. "Essa previsão é feita obtendo dados da insolação de uma área e passando estes dados para um modelo de análise por séries temporais. Por meio de inferências, pesos e séries temporais, esse modelo consegue prever confiavelmente a irradiação solar para o ano seguinte", explica. Algumas aplicações dessa pesquisa são o uso dela como referência para provedores de energia, como a Cemig, a previsão de coletas em uma safra a partir de quanto sol a área de plantação espera receber, ou até mesmo consulta por pessoas interessadas em instalar painéis solares em suas casas. "Muito do meu interesse em fazer pesquisa e Iniciação Científica vem da vontade de aplicar o conhecimento que o curso de Ciência da Computação proporciona, assim como aprender novos assuntos. Para fazer a pesquisa eu tive que aprender conteúdos que não são necessariamente ensinados no curso, e eu sinto que isso me enriqueceu muito como aluno. Ter a oportunidade de aprender sobre novos tópicos, poder aplicá-los em um projeto prático e crescer como profissional é uma oportunidade única, e eu acredito que todos alunos deveriam experimentá-la", aconselha.
"Outro ponto muito forte da pesquisa que é pouco mencionado é o networking. Nesse um ano que estou no laboratório de pesquisa eu conheci professores, mestrandos e doutorandos, e poder me conectar a essas pessoas é um passo muito importante na minha carreira. Eu particularmente tenho interesse em fazer um mestrado após a graduação, e ter essas pessoas já experientes me guiando e me auxiliando no decorrer de um mestrado é mais uma das várias formas de crescimento que uma pesquisa pode proporcionar".
Rafael acredita que, "antes de tudo, acho também importante esclarecer que fazer uma Iniciação Científica é muito mais acessível do que parece ser. A proposta da Iniciação Científica é justamente aprofundar o aluno na área acadêmica e colocar professores com bastante experiência para guiar e apoiá-lo, e isso faz ser bem acessível para todos. Ter a iniciativa de procurar professores ligados à pesquisa acadêmica para que ele possa te orientar a escolher uma pesquisa na qual você tenha um interesse especial também é muito importante, para que você possa justamente aprender sobre assuntos que te interessam bastante. Outro conselho que posso passar para quem tem interesse nessa área é não ter medo de entrar por se sentir incapaz de participar em uma pesquisa – os professores da PUC estão lá justamente para apoiar e guiar os alunos de IC, então não tenha medo de se aventurar nessa área".
Veja os melhores trabalhos por área do conhecimento:
Ciências da Saúde
Melhor Trabalho
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E GENOTÍPICA DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES ISOLADAS DE PACIENTES IDOSOS HOSPITALIZADOS. |
Larissa Shirley Gomes Lima Orientador: Dr. Juliana Ladeira Garbaccio Pontifícia Universidade Católica Universidade de Minas Gerais - Betim |
Ciências Biológicas e Agrárias
Melhor Trabalho
ECOMORFOLOGIA DOS DISCOS ADESIVOS DE PERERECAS |
Clarissa Souza Orientador: Dr. Luciana Barreto Nascimento Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Coração Eucarístico |
Ciências Sociais Aplicadas
Melhor Trabalho
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR NO BRASIL À LUZ DO SISTEMA INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS: UMA ANÁLISE PARA ALÉM DO CASO 12.051 MARIA DA PENHA MAIA FERNANDES |
Mariana Elis Campos Gomes Orientador: Dr. Cintia Garabini Lages Pontifícia Universidade Católica Universidade de Minas Gerais - Betim |
Ciências humanas
Melhor Trabalho
ENFRENTANDO AS BARREIRAS SOCIAIS E IMPLODINDO OS LIMITES: A PRODUÇÃO ACADÊMICA DE MULHERES NEGRAS NA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NO CAMPO DA EDUCAÇÃO |
Gabriella Figueiredo do Carmo Moreira Orientador: Dr. Lorene dos Santos Pontifícia Universidade Católica Universidade de Minas Gerais - Coração Eucarístico |
Direito
Melhor Trabalho
A PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA ADVOCACIA BRASILEIRA: OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS ADVOGADOS COM DEFICIÊNCIA, NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO, EM BELO HORIZONTE |
Ester Moraes D'Avila Ana Luisa de Figueiredo Guimarães Orientador: Dr. Taisa Maria Macena de Lima Pontifícia Universidade Católica Universidade de Minas Gerais - Coração Eucarístico |
Ciências Exatas e da Terra
Melhor Trabalho
PREVISÃO DA IRRADIAÇÃO SOLAR UTILIZANDO ANÁLISE DE IMAGENS |
Rafael Amauri Diniz Augusto Orientador: Dr. Cristiana Brasil Maia Pontifícia Universidade Católica Universidade de Minas Gerais-Coração Eucarístico |
Engenharias
Melhor Trabalho
MICROMODELAGEM DETALHADA DE PAREDES DE ALVENARIA ESTRUTURAL COM ABERTURAS EM INTERAÇÃO COM VIGA DE CONCRETO ARMADO USANDO ELEMENTOS FINITOS |
Ana Laura Mendonça Almeida Magalhães Orientador: Dr. Pedro Américo Almeida Magalhães Júnior Pontifícia Universidade Católica Universidade de Minas Gerais - Coração Eucarístico |
Assessoria de Imprensa