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24/08/2022 14:30
Bruno Timóteo
"Em um evento que se propõe a pensar a prática cotidiana e inclusiva muitos desafios se colocam. A grande questão é: qual o espaço para o humano nessa época também chamada de hipermoderna. Haveria espaço para políticas e práticas inclusivas nessa nova era?", questionou o professor Wanderley Chieppe Felippe, pró-reitor de Extensão da PUC Minas, durante a mesa de abertura da IV Jornada Internacional da Diversidade e Inclusão, realizada nesta terça-feira, 23 de agosto, no Teatro João Paulo II, Campus Coração Eucarístico.
O questionamento deu-se a partir da reflexão sobre a temática Dialogando com as Diferenças no Contexto do Trabalho que estará no centro das discussões durante os três dias de jornada. "A temática desta jornada é bastante estimulante. São três termos sobre os quais precisamos refletir: diálogo, diferenças, trabalho", ponderou o professor Chieppe. Para refletir sobre o primeiro termo, ele mencionou Platão e a concepção de que o caminho para o conhecimento é através da palavra, escrita ou pronunciada. "O diálogo cria pontes que ligam as pessoas e formam comunidades. As diferenças não impossibilitam o diálogo", afirmou.
Sobre o segundo termo, o professor Wanderley lembrou que a diferença entre as pessoas pode ser identificada muitas vezes como desigualdade social. E fez referência à ex-assessora de conteúdo do Politize Carla Meireles, para quem a desigualdade faz parte das relações sociais, pois determina um lugar aos desiguais.
Em relação ao trabalho, Chieppe acredita que podemos encontrar uma série de definições ou sentidos. Alguns positivos, outros negativos. São vários os debates sobre a centralidade e importância do trabalho como categoria ontológica fundamental da existência humana. "Para alguns teóricos, o trabalho possui grande valor por ser a atividade afirmadora da vida e instaura um caráter social. É do trabalho que se instaura a superioridade humana ante os demais seres vivos. Há outras posições, de cunho negativo, que afirmam a extinção do trabalho em virtude das transformações na sociedade contemporânea por meio das quais ele deixa de ser uma atividade central", descreveu.
A professora Sheilla Brasileiro, chefe do Departamento de Educação e coordenadora do Curso de Pedagogia da PUC Minas, destacou que a PUC Minas é uma das primeiras instituições no Brasil a discutir a educação diante de uma perspectiva inclusiva. A Universidade participa da jornada desde a primeira edição, em 2016, com a realização da Pró-reitoria de Extensão, do Departamento de Educação e do Programa de Pós-graduação em Administração, entre outros parceiros internos e externos. "Sempre com o objetivo de discutir as possibilidades de inclusão, respeitando a diversidade cultural, social, em um Brasil que a gente sabe que são muitos brasis. É uma discussão internacional, mas que para nós é essencial no momento histórico em que a gente vive", afirmou Sheilla. Ela explicou também o contexto histórico da implantação do Curso de Pedagogia com ênfase em Necessidades Educacionais Especiais. "Na época, a demanda por professores qualificados era muito grande, porque a partir da Declaração de Salamanca, que fala que as pessoas com deficiência teriam o direito a estudar com todos, porque a escola é para todos. A PUC Minas foi uma das primeiras escolas no Brasil que ousou e acreditou que é possível uma escola para todos. Se pensamos em uma sociedade inclusiva, precisamos de uma escola inclusiva. Hoje nós já somos uma referência, muitas instituições de Minas e de fora do estado nos procuram para parcerias relacionadas à inclusão de pessoas com deficiências", salientou. "Jornadas e momentos como esses nos ajudam a entender as mudanças, atualidade e necessidades que precisamos adotar neste mundo de transição planetária, pós-pandemia, nesse mundo cheio de tecnologias, mas que não podemos esquecer que é um mundo que precisa cada vez mais da perspectiva do novo humanismo como o Papa Francisco tem trazido e a PUC Minas tem trabalhado", finalizou.
A professora Simone Costa Nunes, que representou o Programa de Pós-graduação em Administração, lembrou que a primeira jornada, realizada em 2016, tinha como tema a inclusão de pessoas com deficiência. Neste quarto evento, é colocado como grande desafio trabalhar a temática relacionada a outros públicos, discutindo a diversidade da sociedade nas organizações e na própria sociedade, considerando diferentes públicos. "Somos um grupo de pessoas que quer ver e viver uma sociedade inclusiva, em que todos possam respeitar as diferenças e que tenham as suas diferenças respeitadas. Isto é o que nos motiva a pensar a cada ano essa jornada", afirmou Simone.
A professora Darcy Mitiko Mori Hanashiro proferiu a conferência de abertura
Após a mesa de abertura, a professora do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Mackenzie e líder do grupo de pesquisa Diversidade e Cultura nas Organizações, Darcy Mitiko Mori Hanashiro, proferiu a conferência de abertura Diversidade nas Organizações. A conferência foi mediada pela professora Simone Costa Nunes.
A conferência, assim como toda a programação da IV Jornada Internacional da Diversidade e Inclusão, estão disponíveis na íntegra no canal da Extensão PUC Minas no YouTube. O evento prossegue até amanhã, 25 de agosto, no formato híbrido. Veja a programação completa do evento.