20/11/2023 17:00
O Diretor do ICH, Prof. Dr. Alexandre Diniz, pontuou que José Saramago é um dos autores mais importantes da literatura mundial
A Arte de Romper o Véu é o tema da quarta edição da Jornada Saramago Vive. Promovido pelo grupo de pesquisa Saramago, leitor de Marx do Programa de Pós-graduação em Letras da PUC Minas, com o apoio do Centro de Estudos Luso-afro-brasileiros (Cespuc), o evento, que se iniciou nesta segunda-feira, 20 de novembro. Com o objetivo de discutir vida e obra do escritor português vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, a programação da Jornada prevê leituras encenadas, conferências temáticas, mesas-redondas, exibição de filmes, sorteio de livros e exposição imersiva, que acontecerão no auditório e na sala multimeios do prédio 43. Já as comunicações acontecem em formato remoto.
Durante a solenidade de abertura, a Profa. Dra. Vera Lopes da Silva, coordenadora do grupo de pesquisa Saramago, leitor de Marx, explicou que A arte de romper o véu é uma frase que consta na obra Manual de Pintura e Caligrafia, e que foi escolhida como tema desta edição da Jornada justamente por ser o que Saramago faz em suas obras. "Esteticamente, rompe véus e desnuda faces de ordens diversas, desde aquelas que se situam nos âmbitos pessoais, íntimos, até os da linha política, religiosa e econômica", explicou, lembrando que Saramago foi uma voz ativa na esfera pública, tanto como escritor quanto como cidadão.
Já a Profa. Dra. Terezinha Taborda Moreira, Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Letras, lembrou de A Jangada de Pedra, romance de José Saramago que conta a história ficcional da separação geográfica da Península Ibérica do restante continente europeu, segundo ela, uma grande metáfora sobre a possibilidade de novas perspectivas e de novas alianças. "Acredito que o gesto de realizar os eventos sobre Saramago tem a ver com esse apelo do próprio escritor para manter e aproximar o diálogo. Então, nesse sentido, é uma felicidade estar aqui, com esse grupo comprometido e insistente em dialogar", afirmou.
A Profa. Dra. Ev' Ângela Batista Rodrigues de Barros, Chefe do Departamento de Letras e Coordenadora do Colegiado do Curso, lembrou do discurso de posse de Guimarães Rosa na Academia Brasileira de Letras, em 1967, quando ele afirmou que As pessoas não morrem, ficam encantadas. A gente morre é para provar que viveu. Ela acrescentou que algumas pessoas, além de encantadas, encantam a todos. "Encantam com sua existência, que sempre achamos muito curta. Encantam com a sua morte, sempre uma perda inestimável, não apenas para os próximos, mas para outros que nem nascidos eram. Não é à toa que a jornada se chama Saramago Vive. Ficam encantadas, viram símbolos, ícones de momentos e movimentos à frente do seu próprio tempo. Da mesma forma, podemos dizer que Saramago está encantado e encantando", refletiu, ao considerar que as grandes obras literárias geram essa identificação marcada pela atemporalidade.
O Prof. Dr. Alexandre Magno Alves Diniz, Diretor do Instituto de Ciências Humanas (ICH), pontuou que a literatura sempre foi uma forma de expressão artística e cultural capaz de captar e, ao mesmo tempo, refletir valores e anseios. Desde a antiguidade, ela vem transportando o leitor para mundos imaginários, ao mesmo tempo em que aborda questões profundas e complexas relacionadas à existência humana. "Por isso, eventos como esse são de suma importância, pois destacam a obra de um dos maiores escritores da literatura mundial. A obra de José Saramago também tem uma importante dimensão política, pois ela incentiva o pensamento crítico, nos desafia a enfrentar questões éticas e morais complexas, tornando-nos cidadãos mais ponderados e responsáveis. Ela oferece um olhar humanista a sociedade, ajudando-nos a compreender a complexidade social na qual estamos inseridos", argumentou.
Guilherme Simões
Filha de José Saramago ministrou a conferência de abertura
Após a solenidade, filha de José Saramago, Violante Saramago Matos, ministrou a conferência Memórias de uma esquina, que foi mediada pela Profa. Dra. Vera Lopes da Silva, coordenadora do grupo de pesquisa Saramago, leitor de Marx; e pelo Prof. Daniel da Mota Neri, do Instituto Federal de Educação Científica e Tecnológica de Minas Gerais (IFMG), membro do grupo de pesquisa.
Única filha do escritor português, a bióloga de 66 anos compartilhou com os docentes e discentes presentes as memórias com seu pai. Assista a conferência de Violante Saramago na íntegra pelo canal Saramago, Leitor de Karl Marx Grupo de Pesquisa no YouTube.
A IV Jornada Saramago Vive prossegue até quarta-feira, 22 de novembro. Acesse a programação completa no Portal PUC Minas.