"Que comunicação vamos construir? Que comunicação temos que pensar?", questionou o docente da Faculdade de Comunicação e Artes e secretário de Comunicação da Universidade, Mozahir Salomão Bruck, na abertura do evento que encerra o ano comemorativo pelo cinquentenário da FCA, realizado na manhã desta quarta-feira, 11 de maio, no Teatro João Paulo II, Campus Coração Eucarístico. O evento também foi transmitido ao vivo no canal FCA PUC Minas no YouTube onde continua disponível para visualização.
O professor ressaltou que é papel da Faculdade e de sua comunidade acadêmica – professores, pesquisadores e alunos – refletir sobre o desafio de entender o futuro da área, sobretudo no que se refere à sobreposição e interfacialidade entre o digital e o analógico. "A Universidade tem que estar à frente desse processo. Ela não pode aprender com o mercado. Ela tem que dar as diretrizes porque é ela que pesquisa, investiga e prescruta o futuro", pontuou Mozahir Bruck, que destacou também que as comemorações pelo cinquentenário da FCA começaram ano passado, em formato remoto por causa da pandemia, e que poder encerrar esse ciclo presencialmente é uma vitória. "É uma vitória da vida sobre a morte. É um sinal de esperança. Temos que comemorar os 50 anos da FCA, mas, acima de tudo, temos que comemorar a vida".
A diretora da Faculdade, professora Adelina Martins de La Fuente, destacou que o cinquentenário foi comemorado com diversas atividades, como conferências, seminários, apresentações culturais, celebrações eucarísticas e campanhas solidárias, que integraram os cursos de todos os campi e unidades onde a FCA está presente. E, para fechar com chave de ouro, anunciou a estreia da websérie que conta a história da FCA e da comunicação em cada contexto. Dividida em cinco episódios, a cada semana um será lançado, e o primeiro já está disponível no canal FCA PUC Minas.
Além do documentário, também foi lançado hoje um memorial online com a história da FCA no site da Faculdade. A página foi criada com o apoio da comunidade acadêmica ao longo das celebrações do cinquentenário. "Foi um ano de muitas buscas, documentos e histórias interessantes. O memorial resgata as melhores produções dos discentes e dos docentes", contou, antes de anunciar a mesa-redonda O futuro da mídia massiva e suas audiências que fecha a programação. "A ideia é ouvir as experiências e as expectativas dos nossos colegas em relação ao que o mercado da comunicação espera", disse.
O futuro da mídia massiva e suas audiências
Mediada pelo professor Getúlio Neuremberg, coordenador do Colegiado do Curso de Jornalismo na Unidade São Gabriel, a discussão sobre o futuro da mídia massiva e suas audiências contou com a participação de conceituados profissionais locais do rádio, da televisão e do jornalismo impresso e online: Emanuel Carneiro, presidente da rádio Extra FM; Marcelo Ligere, diretor regional Centro-Oeste e Minas Gerais da Globo; e Geraldo Teixeira, o Zeca, diretor executivo dos Diários Associados.
Emanuel Carneiro, que trabalhou na Rádio Itatiaia por 65 anos e apresentou o mesmo programa por 55, destacou o papel social do jornalismo que, segundo ele, tem o poder de modificar o mundo. "É uma profissão maravilhosa, embora tenha um lado de sacrifício porque jornalista não tem fim de semana e nem feriado", brincou. Carneiro comentou sobre o esvaziamento da economia mineira e sobre como isso impacta o mercado da comunicação, que não consegue absorver todos os bons profissionais. "A reflexão que eu diria para vocês é que precisamos mudar o curso dessa história que vem afetando a todos. Espero encontrá-los em posições mais favoráveis e tendo de novo um mercado que já existiu", disse aos alunos.
Geraldo Teixeira lembrou que o primeiro veículo a sofrer o impacto do advento da internet foi o jornal impresso, e que atualmente todos os meios de comunicação sofrem essa influência, o que leva os veículos de comunicação a investirem em novos formatos para se adequarem à realidade que a internet impôs. "Eu tenho que levar o conteúdo para a plataforma que o meu público estiver presente, não importa se é no impresso ou nas redes sociais. Não importa a plataforma, eu tenho que estar onde o meu público estiver", afirmou.
Para ele, essa fusão entre comunicação e web teve efeito positivo para a sociedade. "Em temos de alcance, a comunicação nunca foi tão democrática quanto agora", pontuou Zeca, que atualmente lidera o processo de convergência de mídias dos Diários Associados. Foi ele também que assumiu o projeto de internet do grupo, em meados de 1990, lançando o segundo jornal brasileiro na web.
Ele aconselhou os estudantes a estudarem sobre ferramentas de otimização de buscas e de análise de dados, entre outras, são fundamentais para se atingir dominância e relevância na rede, características determinantes para o sucesso de um jornal web. "O jornalista de hoje tem que ser muito bom nessas ferramentas de internet para fazer a diferença no mercado", frisou.
Marcelo Ligere, diretor regional da Globo, pontuou que não é concebível mais pensar em mídia isolada, citando a convergência de mídias como o presente e o futuro da comunicação. "Antigamente as pessoas assistiam TV em casa, na sala de estar. Hoje as pessoas assistem onde quiser, basta ter um celular", exemplificou, ao pontuar que a televisão é a maneira muito interessante, e a mais barata, de se adquirir entretenimento e informação. Neste caso, a tecnologia é uma aliada. "Se a tecnologia hoje permite que a gente tenha todos os acessos e todo mundo consegue criar conteúdo, a gente tem múltiplas possibilidades de conexão e de convergência", disse, ao destacar que "os meios digitais não deixam de ser uma ameaça de negócio, mas, por outro lado, eles incrementam a nossa influência, disse o diretor, ao explicar que a Globo se identifica como uma mediatech, empresas de mídia que se valem de processos tecnológicos, ressignificando o papel e a função da mídia tradicional. "Somos uma empresa, mas somos formados por pessoas, que são o nosso maior patrimônio, como em qualquer outra empresa. A área de comunicação tem que estar muito atenta. Temos que pensar no meio ambiente, em governança, em ética, em uma maneira legal de todo mundo trabalhar e, mais do que isso, a gente tem fascínio pela TV porque a gente se enxerga lá, e a gente tem que demonstrar como o mundo é e respeitar todo mundo", finalizou.
Em seguida, os convidados tiraram dúvidas dos alunos presentes. As comemorações pelo cinquentenário da FCA foram encerradas em clima de festa, com a apresentação do bloco afro Pele Preta.
Assessoria de Comunicação
PUC Minas