
"É preciso combater ou aperfeiçoar as políticas públicas inspiradas na fé, o que requer grande e persistente esforço coletivo da comunidade religiosa. A exclusão da religião no âmbito público e na vertente oposta do fundamentalismo religioso impede o encontro entre as pessoas e a sua colaboração para o progresso da humanidade", afirmou o professor padre Aureo Nogueira de Freitas, coordenador do Anima – Sistema Avançado de Formação, durante mesa de debate sobre a temática da Campanha da Fraternidade 2019, Fraternidade e Políticas Públicas, com o lema Serás Libertado pelo Direito e pela Justiça (Is 1,27), ocorrida na manhã desta quarta-feira, 27 de março, no Campus Coração Eucarístico.
O evento, promovido pelo Instituto de Filosofia e Teologia Dom João Resende Costa (IFTDJ), por meio do Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp), órgão do Anima, teve também como convidados o professor PUC Minas Carlos Aurélio de Faria e o secretário geral do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Bruno Pedralva.
Antes da mesa de abertura, o diretor do IFTD, professor padre Evandro Campos Maria, falou sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. "É um assunto desconhecido para muitos de nós, mas crucial e importante no momento atual da sociedade brasileira. É relevante para refletirmos e percebermos caminhos de ação que cada um de nós pode empreender e também para ajudar comunidades paroquiais e instâncias da sociedade a enveredar mais pelo caminho das políticas públicas, fazendo aquilo que é tão importante para a Igreja no Brasil, que é a promoção do direito e da justiça", disse.
Padre Aureo ressaltou que a Campanha da Fraternidade é um legado importante da Igreja no Brasil, tendo sido a primeira realizada em 1964. "São 55 anos que, anualmente, num autêntico processo de formação permanente, somos lembrados de amar uns aos outros, que é o que define a essência do evangelho e da vida cristã", afirmou, reforçando que uma das principais características das campanhas de fraternidade é o empenho da Igreja e da sociedade em ajudar a superar o assistencialismo que, de acordo com ele, não é apenas um modismo da teologia da libertação, mas que está ancorado no magistério da Igreja na dimensão social.
E citou São João Paulo II: "A maldade individual e a coletiva se experimentam mutuamente, porém, mais importante do que combater o mal nas pessoas é combater as estruturas de pecado, que é o mal presente nos modos de ser da sociedade como forma de lidar com a economia, a política, a gestão social, a cultura, o ambiente etc.", reforçando que assistir a um pobre continua sendo um testemunho da fé cristã, mas isso não basta, pois é preciso também apontar para a situação injusta dos que recebem os bens da vida enquanto outros recebem os males, tendo sido isso que Jesus fez, segundo padre Aureo.
O professor Carlos Aurélio lembrou que há 25 anos, quando começou a estudar a área das políticas públicas, ela era uma preocupação periférica, porém, ao longo dessas décadas, veio sendo cada vez mais valorizada tanto na academia quanto na política e na religião. Ele reforçou ainda a definição de políticas públicas na Campanha da Fraternidade como ações discutidas, aprovadas e proclamadas para que todos os cidadãos possam ter vida digna e também ações e programas que são desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática os direitos que são previstos pela Constituição.
Assessoria de Imprensa PUC Minas