Os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho vão além da desigualdade salarial. Em muitos casos, pessoas do sexo feminino sequer recebem uma oportunidade profissional, e ter que lidar com o preconceito acaba sendo a realidade de muitas delas em todo o país. A maternidade, por exemplo, é uma das motivações para essa exclusão, como explica Tatiana Lagôa*, jornalista, mãe e ex-aluna do curso de Comunicação e Diversidade da Pós PUC Minas: "Vivemos em uma sociedade estruturalmente machista, e a mulher que engravida acaba sofrendo as consequências da discriminação, uma vez que o próprio mercado acaba validando a ideia de que a obrigação de cuidar do recém-nascido é individualmente dela", afirma.
Em posição de liderança no veículo de comunicação em que trabalha, Tatiana sinaliza a importância da representatividade feminina no mercado de trabalho: "Hoje ocupo este cargo, mas sou uma das poucas mulheres negras atuando na gestão de um setor, e isso só foi possível porque a empresa se preocupa com a diversidade e me abriu portas por enxergar a minha capacidade de entregar um bom resultado. Acredito que corporações diversas apresentam mais soluções e rentabilidade, portanto o nível de sucesso também cresce. Todos temos nossas especificidades, e nós mulheres também podemos contribuir para o mercado".
Para a jornalista, as empresas têm responsabilidades e devem oferecer condições adequadas e um bom ambiente de trabalho para que as mulheres possam exercer as suas atividades livres de atitudes preconceituosas. Além da preocupação com o bem-estar feminino no meio corporativo, Tatiana também destaca a necessidade de mudança de paradigmas na sociedade: "A estrutura social é montada de modo a naturalizar que os homens tenham mais oportunidades e direitos. Aos poucos, vemos mulheres ganhando o seu espaço, mas o caminho é árduo. Precisamos questionar o viés dessa estrutura e eliminar os preconceitos enraizados", acrescenta.
Pós-graduada em Comunicação, Diversidade e Inclusão nas Organizações, na PUC Minas, Tatiana enxerga grandes benefícios do estudo especializado em sua trajetória profissional. "O curso me capacitou para agir de maneira assertiva em prol de ambientes de trabalho mais diversos e inclusivos e, desta forma, fazer a diferença na vida das pessoas", revelou a jornalista, que também realça a importância do debate no meio acadêmico pela conscientização popular.
*Tatiana Lagôa: Em mais de uma década de atuação na grande imprensa, atuou nos jornais O Tempo, Super Notícia, Hoje em Dia e Diário do Comércio, na Rádio Super FM, além de ter feito colaborações em diferentes revistas. Atualmente, é editora de Cidades de O Tempo, além de ser responsável pela Coluna RepresentAtividade, onde debate temas ligados à negritude no Jornal O Tempo. Integra a bancada do Interessa, um programa da Rádio Super que mescla jornalismo e entretenimento ao trazer uma visão feminina sobre diferentes pautas. Compõe a lista dos jornalistas mais premiados da história do Brasil. Além da atuação em grandes veículos de comunicação, presta consultoria e realiza palestras em empresas com foco em Comunicação, Diversidade e Inclusão.