Após quase dois anos, pouco a pouco, a vida parece voltar para os eixos. Com o avanço da vacinação, a queda nas taxas de transmissão do coronavírus e a reabertura gradual de comércio e serviços, a sensação é que o tão falado novo normal, cada vez mais, se aproxima da velha rotina. Após tantas lições e aprendizados deixados pela pandemia, nos mais variados aspectos, é hora de voltar a fazer planos e projetar o futuro. Fenny Mecys de Araújo, funcionária da Universidade há 22 anos, compartilha conosco quais são as suas expectativas para essa nova fase.
Confira o seu depoimento na íntegra:
Pós-pandemia...
Tantas coisas mudaram durante a pandemia, tantos hábitos tiveram que ser alterados, coisas que achávamos não serem possíveis de fazer, mas que as circunstâncias nos obrigaram a rever. Com isso, nós começamos a refletir sobre os nossos conceitos, tanto pessoal quanto profissional: qual é realmente a nossa capacidade de adaptação? Eu acho que a pandemia nos trouxe essa reflexão, sobre tudo que podemos fazer. Faltava alguma coisa para tornar essas mudanças possíveis, por isso, em alguns aspectos a pandemia nos deu esse "empurrão".
Parar para pensar no "depois que tudo isso acabar" dá até um frio na barriga. O que não queríamos fazer antes, agora queremos fazer. Tudo mudou.
Na minha vida, a pandemia trouxe novos hábitos. Na correria do dia a dia, não tinha tempo para ficar com a família, de experimentar coisas novas, estava sempre cansada no final de semana. Esse período que ficamos em casa, em isolamento, me fez mais próxima da minha filha e do meu marido. Começamos a fazer mais coisas juntos.
Muita gente aprendeu a cozinhar, aprendeu um novo idioma... Eu aprendi mais sobre a minha filha e ela me ensinou muita coisa. Começamos a conversar mais e, com isso, veio a amizade, muito além da maternidade. Os abraços que não podíamos dar nas outras pessoas, nós nos demos em casa. Aprendemos a nos entender mais, fizemos coisas simples, do tipo sessão de cinema: escolhíamos o filme juntos, fazíamos a pipoca e depois fazíamos críticas dos filmes. Fizemos um compromisso de que quando pudermos "aglomerar" novamente, vamos reunir com a família e os amigos para darmos todos os abraços atrasados.
Não podemos reclamar, pelo menos na minha família, pois não perdemos ninguém para a Covid-19, então podemos dizer que, apesar do sofrimento mostrado amplamente nas mídias, saímos ilesos e sobrevivemos a essa doença.
No âmbito profissional, trabalhamos bastante, pois tivemos que nos adaptar ao trabalho remoto, aos problemas de conexão e tantos outros que não imaginávamos que poderiam acontecer. Conciliar os horários de trabalho, para não misturar com as nossas tarefas diárias em casa foi muito difícil, mas no final já estávamos conseguindo fazer essa distinção e também paramos com a aflição de tentar dar conta de tudo. Vimos que o ideal é pensar com leveza, sem se estressar com aquilo que não tínhamos o poder de mudar. Isso me ajudou a ver o meu trabalho com mais clareza e é isso que eu quero trazer para a minha vida profissional daqui pra frente. Ver o trabalho como parte da nossa vida é muito importante, valorizar as pessoas, manter uma boa relação como os colegas de trabalho, pois muitos deles acabaram virando nossos amigos.
Acho que, quando tudo puder voltar ao normal, nada vai ser "normal" igual antes. A vontade de que tudo isso passe é tão grande, que vamos voltar com alegria, com a satisfação de ter feito a nossa parte e de ter contribuído para que as coisas fossem melhores. Vou voltar com a sensação de que podemos ser melhores em tudo, na nossa vida e como profissionais e que podemos buscar as mudanças sempre que necessárias.
Fenny Mecys de Araújo
Funcionária do setor de Recursos Humanos da PUC Minas Virtual