Passamos horas e horas sentados em frente a um computador durante o home office. No fim do expediente, muda-se o ambiente, mas não a atividade: gastamos nosso tempo no sofá, em frente a outra tela, dessa vez, a televisão, no momento de descanso e lazer. Essa tem sido a rotina de muitas pessoas durante a quarentena e esse cenário favorece uma condição nada saudável para o corpo e também para a mente: o sedentarismo. Considerado um dos principais problemas da saúde da sociedade moderna, essa condição de inatividade acarreta diversas consequências à saúde, como obesidade, atrofia muscular, problemas articulares, doenças cardiovasculares e distúrbios do sono. Também há as consequências psicológicas, como ansiedade e depressão.
A Organização Mundial da Saúde afirma que até cinco milhões de mortes por ano poderiam ser evitadas se a população global fosse mais ativa. "Ser fisicamente ativo é fundamental para a saúde e o bem-estar: pode ajudar a adicionar anos à vida e vida aos anos", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em comunicado sobre as novas diretrizes da agência sobre atividade física e comportamento sedentário. Ele ainda completou: "Cada movimento conta, especialmente agora que administramos as restrições da pandemia da Covid-19. Devemos todos nos mover todos os dias, com segurança e criatividade".
Quem corrobora com esse pensamento é o chefe do Departamento e coordenador do Colegiado do Curso de Educação Física da PUC Minas, professor Joélcio Fernandes Pinto. "É o que chamamos de estilo de vida ativo. Mesmo que as pessoas estejam em quarentena e em home office, devem tirar um tempo para arrumar a sua cama, organizar a casa, ir à padaria a pé e, até mesmo, fazer alguns exercícios básicos. Não precisa ter muito conhecimento de Educação Física para você se movimentar dentro de casa", afirma. Alongamentos, pular corda, caminhadas e, até mesmo, brincadeiras com os familiares são atividades sugeridas pelo professor. "A solução está bem mais próxima do que a gente imagina. Manter um estilo de vida ativo é tão importante quanto uma prática regular de exercícios físicos", alerta.
Para quem passa horas sentado durante o trabalho remoto, o professor aconselha a fazer pequenas pausas de duas em duas horas. Neste intervalo, aproveite para alongar, um ótimo exercício para estimular a circulação e melhorar a flexibilidade. "É copiar os animais um pouco, sabe? Espreguiçar, movimentar-se na casa, comer uma fruta sempre que puder", orienta.
Mas, sair da inércia faz bem não somente à saúde física. Érica Frois, professora do Curso de Psicologia da PUC Minas e especialista em Psicomotricidade, ressalta que corpo em movimento e psiquismo andam juntos, e que se exercitar, não necessariamente implica em fazer algum esporte de alto rendimento. Tarefas cotidianas ou recreativas também cumprem esse papel. "Pensar em saúde é buscar práticas que favoreçam o bem-estar, não somente no aspecto biológico, mas também psicológico, social e relacional. Cuidar das relações, cuidar de uma organização de rotina que favoreça a recreação, o lazer e as atividades da vida diária, trabalho e estudo", explica.
Duas práticas que colaboram para essa relação são a da respiração e da organização espaço-temporal, fazendo o exercício de desvincular-se do ontem e do amanhã para focar no momento presente, dedicando-se por inteiro à atividade que esteja realizando, seja ela um exercício, uma refeição, um trabalho ou momento de lazer. "Essa atividade de centrar-se no aqui e no agora já produz uma condição de saúde e já evita os transtornos ansiogênicos. Então, penso que regular o horário de usar o celular e os eletrônicos, respeitar o horário das refeições e organizar as atividades da vida diária já são práticas preventivas para a saúde", exemplifica.
Por isso, não tem desculpa. Para o bem do seu corpo e da sua mente, lembre-se de fazer uma pausa, respirar, alongar, fazer uma caminhada e cuidar de você entre uma tarefa e outra.