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 Máscara: a nossa principal arma contra o coronavírus

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​O Brasil vive atualmente o pior momento da pandemia. Além do iminente colapso no sistema de saúde de várias unidades federativas e a lentidão no processo de vacinação, outra variável acende o alerta nesse cenário de insegurança: as novas cepas do coronavírus. Essas variantes, que surgem por meio de mutações sofridas pelo vírus original, preocupam por causa da sua maior virulência, como explica a microbiologista Juliana Garbacci, professora do Curso de Enfermagem.

"A transmissão do vírus é aérea e se dá pela nossa respiração. A carga de vírus das novas cepas nas partículas respiratórias é maior comparado à cepa original. Essas partículas ficam suspensas no ar. Por isso, vai ter uma quantidade maior de vírus no ar. Aí qualquer deslize, se a máscara não está bem ajustada ao rosto, é a porta de entrada para a contaminação", diz a professora.

Juliana também explica que essas novas variantes, além de mais agressivas, também conseguem driblar nosso sistema imune e são mais resistentes aos medicamentos, razão que explica o aumento da contaminação de pessoas jovens e sem comorbidades. "A única coisa que o vírus não conseguiu driblar, até então, são as máscaras", afirma.

Se o perigo está no ar, a máscara, mais do que nunca, se tornou a principal arma nesse combate. No entanto, a professora alerta que não basta apenas usar, é necessário fazer o uso correto e consciente deste Equipamento de Proteção Individual (EPI).

Confira algumas orientações para o uso correto das máscaras.

A máscara de tecido é eficaz na proteção contra as novas variantes?

Com a resistência das novas variantes e a necessidade de reforçar a filtragem do ar, a máscara de tecido simples deixou de ser recomendada. O ideal é a utilização das máscaras profissionais, modelos N95 ou PFF2, ou de uma máscara cirúrgica com uma máscara de tecido com camada dupla ou tripla por cima. A função da máscara de tecido é, principalmente, vedar os espaços deixados pela máscara cirúrgica, ajustando-a ao rosto.

Uma alternativa sugerida pela professora para quem puder investir nesses modelos profissionais, é ter uma máscara para cada dia da semana, cada uma separada em um saquinho de papel com o dia correspondente anotado. "Usou, guardou e só usa de novo na semana que vem, justamente para dar tempo de decaimento caso haja algum vírus na parte externa da máscara. Essa pode ser uma medida interessante para quem precisa se expor", afirma.

Logo no início da pandemia essas máscaras foram desaconselhadas devido à escassez no mercado, o que ocasionou falta para os profissionais de saúde. Atualmente, essa demanda já foi reestabelecida. O fator dificultador é o custo, já que cada máscara desse modelo custa de cinco a sete reais. Para quem não puder ou não quiser investir em um kit como o sugerido pela professora, o uso da máscara cirúrgica com a máscara de tecido duplo é uma alternativa igualmente eficaz.

Máscara larga não tem eficácia

Sabe quando a máscara fica escorregando no nariz? Ou então quando ela fica frouxa nas laterais porque o elástico está desajustado? Nessas situações, a máscara não está protegendo em nada. O ajuste da máscara ao rosto, vedando adequadamente e não permitindo nenhuma entrada de ar direta, é a principal dica para o uso correto do equipamento. "Temos que pensar que o vírus está no ar. Se minha máscara está frouxa, está entrando ar externo sem sofrer a filtragem proposta pela máscara", explica Juliana, que compara o funcionamento da máscara ao de um purificador de água. "Ela tem que purificar o ar que está entrando no seu organismo. Se ela está frouxa, nem todo ar que está entrando está sendo purificado. Então, o ajuste na face é essencial. Não adianta ter a melhor máscara e ela estar folgada no rosto", afirma.

Cuidado com a umidade

Independentemente do modelo, as máscaras não são totalmente impermeáveis. Por isso, elas umedecem com a respiração e a fala, o que diminui a eficácia de filtragem. Além de trocar a máscara de três em três horas ou sempre que senti-las úmidas, a professora também aconselha: evite falar desnecessariamente enquanto utiliza o EPI. "Se a pessoa estiver gripada ou com algum outro processo que tenha gerado muita secreção, essa máscara vai umedecer mais rápido. Aí, nesse caso, o ideal é trocar com o tempo mais curto."

Máscara tem prazo de validade e necessita de processo de higienização correto

Até mesmo as máscaras N95 e PFF2, que tem poder de filtragem maior devido à sua composição e, consequentemente, são mãos eficazes, tem seu tempo de uso limitado. "Para essas máscaras profissionais tem sido preconizado um mês de uso, desde que não esteja rasgada, amassada ou suja. Tendo esse cuidado, ela vai durar esse período", orienta.

Quanto às máscaras de tecido, a durabilidade vai depender da forma de higienizá-las. "Devemos evitar esfregar e torcer essas máscaras porque esse movimento de fricção provoca microporosidades, pequenas aberturas no tecido que se tornam porta de entrada para o vírus. O ideal é que você lave, mas manipule o mínimo possível", alerta Juliana. Para higienizá-las, deixe a máscara de molho em uma mistura de água, sabão e hipoclorito, enxágue e coloque para secar.

Já as máscaras cirúrgicas e os modelos N95 e a PFF2, não devem ser lavadas. As cirúrgicas porque são descartáveis. E as profissionais pelo seu material, um tipo especial de TNT prensado que não suporta excesso de umidade. Juliana orienta que essas máscaras devem ser retiradas pela lateral, sem contato com a parte externa que pode estar contaminada, dobradas ao contrário, com o lado externo para dentro e guardadas em um saquinho de papel, preferencialmente. Em caso de uso de sacos plásticos, deve haver alguma perfuração para evitar que a máscara mofe. "Eu vejo as pessoas tirarem a máscara de qualquer jeito, colocarem no bolso, jogarem dentro da bolsa, no banco do carro. Quando fazem isso, podem estar contaminando as mãos, o rosto ou o ambiente", alerta.

Após o manuseio, sempre higienize as mãos

"Se eu tenho água e sabão, eu lavo com água e sabão. Se eu não tenho água e sabão, eu higienizo com álcool 70%, mas é preciso esfregar o álcool nas mãos, fazer o mesmo processo de lavagem. Isso porque a morte microbiana não vai acontecer só pela presença do álcool, mas pela presença do álcool e da fricção. Não adianta só jogar o álcool nas mãos. Então, retirei a máscara, higienizo as mãos, é preciso ter o cuidado de espalhar e friccionar", orienta Juliana.

Máscara é EPI, e não acessório

Máscaras de crochê, bordadas, com pedrarias e paetês. Há opções para todos os gostos. Juliana alerta, no entanto, que esses modelos não são recomendados, mesmo que sejam forrados por dentro, já que as linhas trançadas ou os enfeites são pontos de retenção microbiana. "É a mesma lógica de um piso. Se você vai limpar um piso, é bem mais fácil limpá-lo se ele for liso do que se ele for rugoso. Tudo o que é rugoso retém mais sujeira, retém mais partículas. Temos que pensar na máscara desse mesmo jeito", explica a professora, reforçando que "a máscara não deve ser entendida como um adorno, mas como um EPI".

A professora sugere, ainda, que seja dada preferência às máscaras brancas em detrimento das coloridas ou das estampadas. "Eu sempre coloco para os meus alunos que se puder usar máscaras mais claras, de preferência brancas, é o melhor, para você enxergar também a sujidade. Não que tenha uma determinação, isso é uma particularidade. Eu, como microbiologista, não acho interessante você colocar algo em que você precisa ver sujidade ou alguma lesão no tecido, em cores escuras. Por isso os profissionais de saúde usam branco e cores claras. Se a máscara tem muitos detalhes, acaba dificultando essa inspeção", alerta.

Outra observação é em relação às costuras. "Temos que pensar que a agulha que está passando ali está furando o tecido. Essa costura, na verdade, é uma perfuração. Então, eu oriento também que se você vai comprar uma máscara de tecido, que ela não tenha costuras na parte do nariz e da boca. Que na frente ela seja um tecido inteiro. Eu vejo máscaras com costuras verticais e horizontais e ali é onde tem uma perfuração para uma entrada microbiana."

Face Shields

A função dos face shields, aquelas proteções acrílicas, é evitar que gotículas de saliva atinjam o rosto diretamente. Mas, é importante lembrar que essas máscaras têm função de barreira, e não de filtragem, já que são abertas por baixo e não protegem das gotículas que ficam em suspensão, sobretudo quando espirramos. "O protocolo é sempre usar o face shield com a máscara".

O uso de máscara é um acordo coletivo

Para resolver uma questão que é coletiva, é fundamental a colaboração de todos. Seres sociais que somos, todo mundo sente saudade do que era considerado normal, de encontrar pessoas queridas e aglomerar e festejar. Mas, se o que diminui a disseminação do vírus é o distanciamento social e o uso de máscara, é importante entender que as atitudes individuais impactam a sociedade como um todo.

"Quando a gente fala de coletividade, você tem que entender que não está sozinho. Próximo de você tem amigos, parentes, filhos, filhos de outras pessoas. Então quando você é irresponsável, você não está impactando a sua vida somente, mas a vida de várias outras pessoas. Se você pensar que se você contamina uma pessoa e essa pessoa pode contaminar mais três, mais quatro, mais cinco, isso é muito impactante", diz Juliana, ao destacar que quando fazemos o bem, esse bem também é ampliado. "A gente vê países que foram mais conscientes tendo um desfecho melhor. Não podemos pensar só na gente. Temos que pensar no coletivo porque vivemos em coletividade".

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